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Archive for Maio, 2010

Fizeram batalhas para conseguirem fazer o que sempre quiseram. Lutaram sem olhar a meios para atingir objectivos, andaram de fugida em locais públicos como se fosse vergonha lutar por aquilo em que se acredita. Gritaram a viva voz os sonhos que queriam concretizar e choraram sobre os pensamentos que nunca passaram disso mesmo. Bateram nas convenções, desafiaram olhares indiscretos e foram vítimas de frases cortantes, de palavras azedas, de estalos de luva branca. Sempre acreditaram que devagar se vai longe, que dos cobardes não reza a história e que a sorte protege os audazes. Mas sofreram na  pele os indicadores a apontarem, ávidos de preconceito. Sofreram com o entusiasmo dos conservadores e dos que nunca precisaram de lutar por nada para terem o que queriam. Temos muito a aprender com os que correm atrás dos sonhos: são eles, eles só, que sabem o que custou a liberdade. 

Entrada Na Nossa Agenda a propósito da notícia:

Cavaco Silva promulga diploma que permite casamento homossexual<!–Voltar–>

http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=94&did=104504

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Na corda bamba

Num país de brandos costumes, num país relativamente calmo, onde não é perigoso andar na rua, deixar os miúdos brincarem à porta de casa, correrem livres pelo campo e irem sozinhos ao cinema ao fim-de-semana. Num país assim, onde pouca gente passa fome e longe dos olhares indiscretos. Onde a maioria das pessoas tem dinheiro para comer, para beber, para passear. Onde a pobreza está camuflada por altos muros ou paredes de casas abandonadas. Num país que cresceu devagar, sempre na cauda da Europa. Mas onde os atrasos são para o bem e para o mal, portanto um país onde nem tudo é mau. Num país com tudo isto, onde impera a saudade, a nostalgia, a hospitalidade. Num país onde de repente um governo anuncia um plano austero que prevê o aumento drástico dos impostos…o que acontece?

Entrada Na Nossa Agenda a propósito da notícia:

Portugal unveils ‘crisis tax’ to cut deficit

 Drive to cut deficit to 4.6% of GDP in 2011

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O ruído que vem lá do alto contrasta com o cenário monocromático que se estende em terra. A junção de todas as cores numa só, a sabedoria, a temperança, a divindade e o humano querem coabitar num espaço e num tempo que se faz presente, mas carregado de dúvidas, de preconceitos, de informação divergente e opiniões contraditórias.

O dourado que pende sobre aquela alvura brilha à luz do sol. Reflexo de uma riqueza que mais do que exterior devia ser interior. Sentida. Prioritária.

“Tu és Pedro”, cantam vozes infantis, sem que parte dos espectadores, dos ‘fiéis’, entendam porquê. “Tu és Pedro”, e não “Tu és Deus”.Porque não és. És a imagem daquilo que todos deveriam querer seguir. És o exemplo daquilo que deveria ser a Verdade, daquilo que deveria ser o Amor, daquilo que deveria ser o Bem.

Mas és homem. Por isso “tu és Pedro”, e não “és Deus”. Por isso os erros, os passos em falso, as excentricidades. Por isso nem sempre se quer ser como tu, “Pedro”. Porque, no fundo, todos queremos ser “Deus”. Sem errar, sem dar passos em falso, sem ceder às tentações, sem fazer vítimas.

Tu és homem. À tua volta todos são homens. Por isso o branco é só aquilo que deverias querer ser. O branco é mais do que aquilo que consegues ser, na verdade. No limite, o Branco é a verdade, enquanto tu és os erros que o maculam. Porque tu és homem. E, acreditando que fazes o melhor que podes, que consegues, que te deixam fazer, és amado e admirado.Mas és homem. E erras. E perdoas e escondes os erros dos outros homens, porque é assim a protecção das espécies.

“Tu és Pedro” e não Deus. Por isso podes errar. E podes ser perdoado. Ou não. Porque quem te perdoa também são os homens. O perdão de Deus, esse, terás mais tarde.

E é por isso que a fé não está em ti, mas sim n’Ele. Em Deus. E não em Pedro.

Entrada na Nossa Agenda a propósito da visita do Papa Bento XVI a Portugal.

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Todos os dias a mesma mecânica. O dia nasce mais cedo ou mais tarde consoante a estação do ano, mas nasce sempre pelas mesmas horas. No hemisfério Norte há mais frio. No Sul, mais calor. Nos cinco continentes diferem as cores, a luz, os sabores, os cheiros e as recordações. Em cada país divergem a cultura, os hábitos, as dificuldades e as especificidades de povos, mais ou menos antigo.

Queremos que todos eles tenham lugar Na Nossa Agenda. Pelos olhos de quem os visitou, de quem lhes sentiu a essência, e a tentou retratar através de uma simples lente que encerra em si os segredos do congelar de momentos. Queremos também que, em poucas palavras nos contem a História e as estórias. Porque Na Nossa Agenda cabe um mundo inteiro de sonhos, de palavras, de imagens!

Assim, a cada segunda 2ª feira de cada mês, está marcada Na Nossa Agenda uma viagem pelo mundo fora. Por diferentes caminhos, experiências e objectivos. Com novos olhares. Diferentes do nosso!

Hoje, o olhar é da Paula Pousinha.

Novembro 2009. Chicago, uma cidade de cor e humor.

Cidade de ruas largas que se deixam intimidar pelos ventos provenientes do grande lago Michigan. Os arranha-céus são edificações características das grandes cidades americanas. Mas em Chicago, além de serem altos, têm personalidade. Como se cada um deles pudesse ser tirado daquele contexto e continuasse a ser digno de admiração. No conjunto constituem afirmações artísticas, movimentos livres de ousadia.

A Michigan Avenue é uma das mais fervilhantes. Pessoas bonitas, divertidas, originais, com tempo e com sacos. Sem pressa e sem destino caminhámos, comprámos, rimo-nos, perdemo-nos e, sobretudo, divertimo-nos. Rio-me de lembrar a invasão da montra da Gap para tirar uma fotografia original, sinto o sabor dos Muffins de maçã com nozes que comemos no Starbucks, lembro-me dos livros infantis que descobri na Barnes & Noble.

A Michigan Avenue conduziu-nos ao Millenium Park. Um parque de arte a céu aberto. O coberto arbóreo “esconde” apontamentos de arte que nos surpreendem a cada instante, que nos inquietam suscitando sensações diversas. Em plena harmonia com o espaço envolvente encontrámos o Jay Pritzker Pavillon da autoria de Frank Gehry. É simultaneamente grandioso e integrado, ousado e musical, monocromático e iluminado. Absolutamente excepcional.

Os trilhos conduziram-nos para uma escultura da artista britânica Anish Kapoon´s, the Cloude Gate. Demorámo-nos. Afastámo-nos. Aproximámo-nos. Entrámos e voltámo-nos a afastar. Poderá parecer estranho, este comportamento. Mas se nos afastarmos é como se pudéssemos tocar o céu. Se nos aproximarmos rimo-nos dos prédios contorcidos e do nosso próprio corpo que se deforma e nos faz divertir. E no interior é único e indescritível!

Atravessando uma ponte chegámos ao Art Institute of Chicago. Um museu em que o branco é uma constante, com um espólio de arte moderna considerável. Saliento uma instalação temporária. Numa parede enorme colocaram centenas de fotografias recolhidas numa zona de catástrofe motivada por um sismo. O número de fotografias correspondia ao número de pessoas que havia morrido. A originalidade residia na disposição das fotografias. As imagens estavam viradas para a parede e dava-se relevo às dedicatórias. A humanização da imagem pelos escritos. Genial!

De comboio chegámos à zona sul de Chicago para visitar a Robie House desenhada por Frank Lloyd Wright, uma das casas da pradaria.

Chicago foi também uma viagem de noites longas. Bons restaurantes, bares animados, discotecas excêntricas. Noites com gente bonita, cosmopolita, com sede de viver. Numa das noites “subimos aos céus” de Chicago para tomar um cocktail no 94º andar do Hancock Center. O vento faz oscilar o edifício e quando estamos em pé temos uma sensação cambaleante, como se estivéssemos num barco.

Um misto de medo e poder. E não é isso a vida?

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O som veio lá do alto. Como todos os dias. Ecoava pela cidade para acordar para mais um dia de trabalho. De vida. Hoje era diferente. Hoje era o primeiro dia do resto da sua vida, mas tudo começou como sempre.

Pela janela a torre erguia-se imponente, em todo o seu esplendor, em toda a sua majestade. Símbolo de força para o mundo. Sinónimo de final, para ele.

Pegou no jornal e sentou-se à mesa do pequeno-almoço. Sorriu agradavelmente para a empregada que lhe serviu o café e contraiu os músculos da cara. Não se sentia bem. As mãos, frias, agradeceram aquela chávena quente mas o coração continuava gelado. Como o dia.

A decisão seria somente oficializada porque sabia o que todos pensavam. Falhara. Redondamente e sem retorno. Falhara naquilo que mais deveria ter feito bem, mas não conseguia sentir remorso. Sentia tristeza, somente. Por não ter conseguido ser melhor. Por não ter sabido. Por não ter concretizado.

Sim, o dia ia continuar cinzento. A semana, talvez. Mas ele já não teria aquele monstro sempre pontual a olhar para ele. Ia viver novamente no anonimato do seu cubículo. Cinzento, como o dia lá fora.

Entrada na Nossa Agenda a propósito da notícia:

UK election scramble for undecided vote

http://www.ft.com/cms/s/0/7e8dac80-5874-11df-9921-00144feab49a.html

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