Todos os dias a mesma mecânica. O dia nasce mais cedo ou mais tarde consoante a estação do ano, mas nasce sempre pelas mesmas horas. No hemisfério Norte há mais frio. No Sul, mais calor. Nos cinco continentes diferem as cores, a luz, os sabores, os cheiros e as recordações. Em cada país divergem a cultura, os hábitos, as dificuldades e as especificidades de povos, mais ou menos antigo.
Queremos que todos eles tenham lugar Na Nossa Agenda. Pelos olhos de quem os visitou, de quem lhes sentiu a essência, e a tentou retratar através de uma simples lente que encerra em si os segredos do congelar de momentos. Queremos também que, em poucas palavras nos contem a História e as estórias. Porque Na Nossa Agenda cabe um mundo inteiro de sonhos, de palavras, de imagens!
Assim, a cada segunda 2ª feira de cada mês, está marcada Na Nossa Agenda uma viagem pelo mundo fora. Por diferentes caminhos, experiências e objectivos. Com novos olhares. Diferentes do nosso!
Hoje, o olhar é da Paula Pousinha.
Novembro 2009. Chicago, uma cidade de cor e humor.
Cidade de ruas largas que se deixam intimidar pelos ventos provenientes do grande lago Michigan. Os arranha-céus são edificações características das grandes cidades americanas. Mas em Chicago, além de serem altos, têm personalidade. Como se cada um deles pudesse ser tirado daquele contexto e continuasse a ser digno de admiração. No conjunto constituem afirmações artísticas, movimentos livres de ousadia.
A Michigan Avenue é uma das mais fervilhantes. Pessoas bonitas, divertidas, originais, com tempo e com sacos. Sem pressa e sem destino caminhámos, comprámos, rimo-nos, perdemo-nos e, sobretudo, divertimo-nos. Rio-me de lembrar a invasão da montra da Gap para tirar uma fotografia original, sinto o sabor dos Muffins de maçã com nozes que comemos no Starbucks, lembro-me dos livros infantis que descobri na Barnes & Noble.
A Michigan Avenue conduziu-nos ao Millenium Park. Um parque de arte a céu aberto. O coberto arbóreo “esconde” apontamentos de arte que nos surpreendem a cada instante, que nos inquietam suscitando sensações diversas. Em plena harmonia com o espaço envolvente encontrámos o Jay Pritzker Pavillon da autoria de Frank Gehry. É simultaneamente grandioso e integrado, ousado e musical, monocromático e iluminado. Absolutamente excepcional.
Os trilhos conduziram-nos para uma escultura da artista britânica Anish Kapoon´s, the Cloude Gate. Demorámo-nos. Afastámo-nos. Aproximámo-nos. Entrámos e voltámo-nos a afastar. Poderá parecer estranho, este comportamento. Mas se nos afastarmos é como se pudéssemos tocar o céu. Se nos aproximarmos rimo-nos dos prédios contorcidos e do nosso próprio corpo que se deforma e nos faz divertir. E no interior é único e indescritível!
Atravessando uma ponte chegámos ao Art Institute of Chicago. Um museu em que o branco é uma constante, com um espólio de arte moderna considerável. Saliento uma instalação temporária. Numa parede enorme colocaram centenas de fotografias recolhidas numa zona de catástrofe motivada por um sismo. O número de fotografias correspondia ao número de pessoas que havia morrido. A originalidade residia na disposição das fotografias. As imagens estavam viradas para a parede e dava-se relevo às dedicatórias. A humanização da imagem pelos escritos. Genial!
De comboio chegámos à zona sul de Chicago para visitar a Robie House desenhada por Frank Lloyd Wright, uma das casas da pradaria.
Chicago foi também uma viagem de noites longas. Bons restaurantes, bares animados, discotecas excêntricas. Noites com gente bonita, cosmopolita, com sede de viver. Numa das noites “subimos aos céus” de Chicago para tomar um cocktail no 94º andar do Hancock Center. O vento faz oscilar o edifício e quando estamos em pé temos uma sensação cambaleante, como se estivéssemos num barco.
Um misto de medo e poder. E não é isso a vida?
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