Todos os dias a mesma mecânica. O dia nasce mais cedo ou mais tarde consoante a estação do ano, mas nasce sempre pelas mesmas horas. No hemisfério Norte há mais frio. No Sul, mais calor. Nos cinco continentes diferem as cores, a luz, os sabores, os cheiros e as recordações. Em cada país divergem a cultura, os hábitos, as dificuldades e as especificidades de povos, mais ou menos antigo.
Queremos que todos eles tenham lugar Na Nossa Agenda. Pelos olhos de quem os visitou, de quem lhes sentiu a essência, e a tentou retratar através de uma simples lente que encerra em si os segredos do congelar de momentos. Queremos também que, em poucas palavras nos contem a História e as estórias. Porque Na Nossa Agenda cabe um mundo inteiro de sonhos, de palavras, de imagens!
Em dias que ainda não conseguimos fixar está marcada Na Nossa Agenda uma viagem pelo mundo fora. Por diferentes caminhos, experiências e objectivos. Com novos olhares. Diferentes do nosso!Hoje o olhar só é diferente porque é o da Margarida turista e não o da Margarida jornalista.
Foi uma das melhores experiências da minha vida. Visitar Alcatraz foi ainda mais pesado do que visitar a casa de Anne Frank, e eu não sabia que isso era possível. Chorei praticamente durante todo o tempo. Assustei-me. Arrepiei-me e dei saltos vários a cada som, a cada escuridão que se instalava numa visita que é audio-guiada por antigos prisioneiros e antigos guardas da ilha – que, diga-se, tem uma vista fabulosa sobre São Francisco.
Os jardins continuam a ser lindamente tratados – como fizeram os presos que lá habitaram por uns anos – e muitas celas foram deixadas mobiladas e ‘decoradas’ tal qual como quando Alcatraz era um presídio. As solitárias – seis, se não estou em erro – eram de cortar a respiração. O guia manda-nos entrar numa e ouve-se a porta a fechar. Sente-se o vazio, o escuro, a sensação de claustrofobia e de que o tempo pode parar sem que nos lembremos de que alguém ali está dentro.
Depois os corredores, carregados de histórias de fugas mal sucedidas – apenas uma teve sucesso – , de agressões, de mortes. As paredes marcadas pelas rixas, e as barras de ferro pelo tempo e os crimes de quem por ali passou. Alcatraz é brutal no verdadeiro sentido do termo. A visita dura cerca de duas horas – obviamente dependendo de cada pessoa, que aquilo é experiência que se faz individualmente – e a mim deixou-me quase sem respirar. O recreio dos prisioneiros tem uma das vistas mais impressionantes que já vi em toda a minha vida. E eu, que logo a seguir ia sair dali de barco, não consegui sequer imaginar o que sentiria alguém que tinha toda aquela vista pela frente e estava confinado àqueles muros e grades absolutamente gigantes.
E os sons que entravam pelas janelas abertas? As frinchas que deixavam passar o som das festas na baía de São Francisco em noites de Natal ou Ano Novo e que entravam cela adentro por quem nem sequer podia passear no corredor?