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Archive for the ‘Portugal’ Category

A ideia era fazer uma espécie de sequência. Gravar à medida que surgem. Na cabeça, nos ouvidos, no coração. Primeiro avisa-se que vai acontecer. Cria-se expectativa. Coloca-se as pessoas a trautear as músicas antigas. Rising. Como a Primavera. Rising. Como o sol que teima em não chegar, porque as nuvens, escondidas durante todo o Inverno, quiseram trocar as voltas às estações.

Alinham-se, também elas, em crescendo. Um crescendo contínuo, sem limites físicos porque na época do digital é tudo mais fácil. É uma extensão. Faz parte do conceito. Crescendo. Rising. Para além de tudo o que já se tinha ouvido agora é para dançar. Ballroom Theme. Em crescendo. Num som que transcende as barreiras e salta para o mundo dos sons. Intocáveis. Sensitivos. Como as estações do ano.

Que se sucedem. Como a Primavera e o Outono. Tudo o que sobe, desce. Rising. Falling. Uma história em sons. Sons em crescendo. Sempre em crescendo, mesmo quando falarem em diminuendo. Daqui a uns meses. Depois do Verão passar.

Entrada na Nossa Agenda a propósito do lançamento do primeiro tema extra, em formato digital, do álbum ‘Rising’, de David Fonseca.

http://www.imagemdosom.com/index.php/noticias/960-musica-extra-de-qseasons-risingq-de-david-fonseca-disponivel-dia-23

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Liguei a telefonia esta manhã. A notícia, a juntar a todos os ecos sombrios, era sobre o perigo da interrupção de transportes dos doentes às consultas. Motivo: falta de pagamento por parte dos hospitais às corporações de bombeiros que prestam o serviço.
Ontem. Notícia: Transferência de verbas para os municípios põe em risco fornecimento de refeições aos alunos do pré-escolar. Mais logo, decerto: Corrupção, facturas não contabilizadas, assaltos aos multibancos, contestação ao novo modelo de avaliação, desemprego, perspectiva de aumento do IVA.
Sente-se no ar o desalento, o cinzento nas roupas, o vaguear das famílias sem rumo, a alienação nos centros comerciais, nos “reality-shows”, nas telenovelas e revistas cor-de-rosa, agora mais cinzentas e menos rosa; nos cartões CETELEM, FNAC, IKEA, que alimentam o consumo e enganam a miséria. Mas a substância não existe, o dinheiro é virtual, como são virtuais as fontes de rendimento. O que produzimos agora? O que produziremos? O que estamos a fazer para mudar a situação? Nada. Porque aguardamos inconscientemente que um Deus maior nos salve. Só que Ele desta vez não vem.
Um amigo sensato dizia-me – os problemas resolvem-se, o que assusta é não vislumbrarmos a luz ao fundo do túnel.
Temos problemas, sim. Temos dívidas, sim. Desemprego e agitação social, sem dúvida. Mas teremos saída? Por mais optimistas que sejamos, por mais empreendedores que tentemos ser, onde está a matéria-prima necessária? A mão de obra qualificada, uma estrutura fiscal eficiente, um sistema de justiça célere, um código de trabalho claro e flexível, códigos de ética e rigor…
Temos problemas, sim. Mas para esses há soluções. Pensaremos e poremos em prática alternativas, ideias e sonhos.
Mas quando nos tirarem a esperança, aí sim, vamos definhar.

*Escrito por Luísa Lopes.

Entrada Na Nossa Agenda a propósito das surpresas. De um pensamento matinal, de um texto escrito e que se quer ver publicado. Só porque as boas reflexões são para partilhar. Não têm que ser privadas como uma agenda pessoal, mas tornadas públicas como uma agenda que é um pouco de todos.

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E num instante..

O Fim da Linha

Mário Crespo

Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.

[Fonte: http://www.institutosacarneiro.pt/?idc=509&idi=2500%5D

Entrada na Nossa Agenda a propósito da notícia:

Mário Crespo convidado pelo Governo para correspondente da RTP em Washington

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Não-acontecimento

O documento caiu-lhes na caixa de e-mail e logo houve um aumentar do tom dos murmúrios e um apressar de passos a caminho das impressoras. Folhas soltas que passaram de mão em mão, olhos ávidos de novas estórias, daquela palavra que lhes podiam mudar o dia, o entusiasmo.

escrever, ler, escrever, ler, escrever, ler.

As horas foram passando, apressadas, como que a brincar com caracteres e caracteres escritos à velocidade da luz. Não havia novidades, é certo.  Como alguém escreveria mais tarde, neste caso, ‘no news are bad news’. Os cortes foram os esperados, as contenções, os aumentos, as diminuições. Mas era preciso mostrar ao País que tudo se mantinha. Pelo menos isso.

Tudo sem surpresas. Nem boas nem más. Mas uma com a estabilidade e a constância que fizeram com que os caracteres fossem acompanhados de suspiros.

Estamos cansados de surpresas. De desvios à verdade. De novidades todos os dias. De promessas quebradas. Hoje as estórias não são novas. Mas são verdade. E quem diz a verdade…às vezes sabe bem um não-acontecimento.

 

Entrada na Nossa Agenda a propósito da apresentação do Programa do Governo de Passos Coelho, dia 28 de Junho de 2011, na Assembleia da República.

 

 

 

 

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A guerreira

O cabelo curto e encaracolado foi afagado, vezes sem conta, por uma mão esquerda irrequieta. O olhar, perdido nas paisagens do Oeste, tinha o brilho de todos aqueles que amam a vida e o que dela fazem. Brincos coloridos espreitam por entre um caracol mais rebelde. Na mão direita o gravador, companhia de uma viagem que começou há tanto tempo e que não tem prazo para terminar.

Palavras discorridas a cada quilómetro percorrido!,a contar as historias que compõe a sua e que a fazem caminhar, errante, por uma Europa onde estudou mas que não tem como casa.

O relato, feito em voz baixa num autocarro semi-vazio, podia ser contado a um microfone que a ligasse directamente ao mundo. Provavelmente tenta guardar, pela voz, os sentimentos que a invadiram a cada facto, a cada pessoa, a cada pormenor.

“Vou escrever esse livro”, disse, confiante, à pessoa que a acompanhou à porta do autocarro. “Vou ter que ler muito, ainda ,mas vai dar certo”, concluiu com o sorriso dos projectos de uma vida.

A mochila verde, pequeno santuário de qualquer jornalista itinerante, fica, muda e queda ao seu lado enquanto ela fala do tanto que aconteceu este fim-de-semana.

E continua a contar as histórias dos outros, enquanto, sem perceber, escreve também a sua. Mão esquerda junto ao peito, mão direita no gravador. Olhos fitos no horizonte.

Recosta o banco em que viaja, arruma as coisas e fecha os olhos. A guerreira descansa antes de se atirar a mais uma história, em mais uma cidade desconhecida, num Pais que não é o seu.

Entrada na Nossa Agenda a propósito de todos os que amam o que fazem.

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