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Posts Tagged ‘Sismo no Haiti’

Começaram a encher o céu como se fossem pássaros migratórios. Do nada passou-se ao tudo, e embora isso não trouxesse mudanças, a ele soube-lhe a qualquer coisa muito parecido com a liberdade. Um sinal, vindo do alto, de que ainda era possível a mudança. Concentrou-se novamente no seu trabalho, mas sempre com os ouvidos presos ao céu. Era incrível.

Nas ruas toda a gente comentava sobre o mesmo. Finalmente havia um assunto de conversa novo e – surpresa – podia ser falado livremente, sem medos. Há tanto tempo isso não acontecia qe todos falavam em surdina, com medo de que o volume lhes tirasse a verdade. O existir. Além disso, sabiam que não ia durar muito tempo, por isso, aproveitavam enquanto podiam. Para que a oportunidade não fugisse!

Ele levantou os olhos mais uma vez e agradeceu aos céus. Podia parecer egoísta, mas a verdade é que pelo menos uma coisa boa estava a revelar-se no meio de tantas coisas horríveis: a mudança. A abertura. A esperança de que ainda era possível.

Quando voltou a baixar os olhos, sorriu.

Entrada na Nossa Agenda a propósito da notícia:

Cuba permite a EE UU usar su espacio aéreo para vuelos de evacuación en Haití

http://www.elpais.com/articulo/internacional/Cuba/permite/EE/UU/usar/espacio/aereo/vuelos/evacuacion/Haiti/elpepuint/20100115elpepuint_6/Tes

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Cinzento, vermelho e azul. As cores sucediam-lhe nos olhos à velocidade dos passos. Rápidos, inseguros. Era preciso ver mais, ouvir mais, saber mais. Para poder contar mais. Era a primeira vez que o fazia, mas sabia que ia ser capaz. Sabia que seria possível. A adrenalina ajudaria, tal como os telefonemas de tempos a tempos para confirmar procedimentos, ideias.

Fotografou cada detalhe e cada grande plano que lhe mereceu atenção. Anotou tudo o que viu e que sabia precisar de ajuda para decorar. A rua cheirava a pessoas e a sangue. Cheirava a destruição. Enquanto as nuvens de pó iam baixando era possível distinguir o azul do mar lá ao fundo. A apelar à esperança e à ajuda que tardavam. Deteve-se por 30 segundos ao pé daquele corpo pequeno, tão vazio de vida e tão despido de ajuda. De tudo. Não sabia como deveria reagir às imagens que o rodeavam. Quando o telefone tocou continuava nesta abstracção momentânea:

Não reajas. Nem penses no que poderias sentir. Olha e conta o que vês. É disso que precisamos agora!


Entrada na Nossa Agenda a propósito da notícia:

Presidente do Haiti teme que sismo tenha feito milhares de mortos

http://www.publico.clix.pt/Mundo/sismo-no-haiti-pode-ter-feito-milhares-de-mortos_1417662

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