Começaram a encher o céu como se fossem pássaros migratórios. Do nada passou-se ao tudo, e embora isso não trouxesse mudanças, a ele soube-lhe a qualquer coisa muito parecido com a liberdade. Um sinal, vindo do alto, de que ainda era possível a mudança. Concentrou-se novamente no seu trabalho, mas sempre com os ouvidos presos ao céu. Era incrível.
Nas ruas toda a gente comentava sobre o mesmo. Finalmente havia um assunto de conversa novo e – surpresa – podia ser falado livremente, sem medos. Há tanto tempo isso não acontecia qe todos falavam em surdina, com medo de que o volume lhes tirasse a verdade. O existir. Além disso, sabiam que não ia durar muito tempo, por isso, aproveitavam enquanto podiam. Para que a oportunidade não fugisse!
Ele levantou os olhos mais uma vez e agradeceu aos céus. Podia parecer egoísta, mas a verdade é que pelo menos uma coisa boa estava a revelar-se no meio de tantas coisas horríveis: a mudança. A abertura. A esperança de que ainda era possível.
Quando voltou a baixar os olhos, sorriu.
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